terça-feira, novembro 20, 2012

um fogo selvagem

o amor é um fogo selvagem
primeiro custa a atear
depois não dás conta dele
.
MG 2012

quinta-feira, novembro 15, 2012

de olhos bem abertos

um dia 
a nossa voz
inundará de verdade
o mundo 
a realidade
das casas erguidas
com gritos de amor
não desanimemos
que nada se vai 
assim sem mais 
nós não ardemos 
só porque nos querem
de olhos bem fechados
é imensamente forte
aquilo que construímos
e nada extingue
o calor das palavras
a necessária respiração 
de um texto como este
as chamas são 
o nosso refúgio
o fogo das nossas conquistas
a queimar
uma qualquer 
folha de papel
um dia o medo
será a nossa força
um falcão
de asas ao vento
voando livre
vendo o mundo 
de cima
.
MG 2012

quinta-feira, novembro 01, 2012

1 de novembro

Em Faro morava em frente ao cemitério. Via-o de cima, de um quarto andar. Tinha uma vizinha que quando o sol se punha não saía de casa. Entrava no prédio pela porta de trás. A minha mãe costumava dizer-lhe - ainda diz - que não temos de ter medo de quem já partiu. Quem por cá ainda anda é muito mais perigoso. Lembrei-me disso porque hoje é dia de recordar os nossos que já partiram, nós que havemos de partir. É tempo disso tudo, sem medos. É tempo de pensarmos que um dia estaremos todos juntos outra vez, num lugar qualquer, num tempo que não existe. Como sempre foi o tempo, antes de cá virmos, e depois, quando partirmos: uma coisa que não existe.

é tempo sei lá já do quê

às vezes apetece-me encher 
isto de linques
e pensamentos apolíticos 
mas que raio
disso estamos todos fartos. 
A partir de agora só bombas,
querosene, gasolina,
verilaites verbais
e coqueteiles holofotes.
Raios ta partam
se o mundo está feio
e eu não quero torná-lo mais
feio do que ele já é
quero contribuir
para uma limpeza necessária
um feicelift
as palavras por si só
estão a mais
é preciso mais acção,
pluralidade, mais revoltas
partidárias
é tempo de nos amarmos
outra vez
é tempo sei lá
já do quê
.
MG 2012